domingo, 13 de abril de 2014

PEQUENAS COISAS


“Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Esta singela frase de um poema de Fernando Pessoa, popularizada enormemente, teve um significado para mim em um momento recente. O poema replico no final da conversa, para que o contexto seja divulgado e a frase apresente novos significados.

Tive uma experiência interessante com as “pequenas coisas” das almas grandes. Meu vizinho atravessando os idos dos setentas anos sofre uma doença degenerativa. Um homem ativo, trabalhador, aqueles homens de “antigamente” que sabiam fazer de tudo um pouco, com o ônus e bônus de que isto pode trazer.

Trocar o gás, lá ia Sr. Carlinhos, a torneira pingou, o pote está ruim de abrir, montar o móvel que chegou: Sr, Carlinhos, Sr. Carlinhos, ele ia sorridente, até espantava baratas com um sorriso de desdém protetor.

Mas o tempo passa...

Hoje ele chama e lá vou eu retribuindo toda gentileza de anos. Um dia em especial ele me chamou, fui atender solícita como ele mesmo me ensinou com as práticas cotidianas, e desta vez eu tive uma das minhas maiores lições, ele queria mostrar como estava mexendo o pé sozinho e ajudando a subir na cadeira, ele sorria eu devolvia o sorriso e juntos celebramos as pequenas coisas. Hoje eu declaro instituído o dia das pequenas coisas.

Bênçãos para todos e todas que esperam o porvir maravilhoso, repleto, é claro, de pequenas grandes coisas.

 
Mar Português 

Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 

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